Os desafios de ser mãe de adolescente

Rondinha, 18 de setembro de 2023.

Mãe, mulher como você está?

Como o tempo passa depressa. Se somos mães de adolescentes, é porque o tempo tem passado, diante de nossos olhos, na velocidade da luz. Num dia nossos filhos nascem e parece que no outro já se transformam adolescentes. Em um piscar de olhos aquela criança que dependia de nós para tudo está dando seus primeiros voos fora do ninho. E isso assusta, nos amedronta, nos coloca em sistema de alerta. 

Todas nós sabemos que no corre-corre do dia a dia algumas nuances se perdem. A fase da infância demanda cuidado, proteção e trabalho. Nossos filhos constroem autonomia, testam limites. São verdadeiros descobridores.

Na adolescência tudo tem uma dimensão maior. Eles querem e precisam sair para o mundo. Arriscar voos solos. Os testes são mais incisivos, os limites são ampliados, e se não ficamos atentas, rompidos. As emoções parecem verdadeiras montanhas russas que exige das mães controle emocional (e físico para não fazer besteira).

Tenho a felicidade de estar vivendo com minha filha essa fase linda da adolescência, das descobertas, dos desafios. Mas nem sempre foi assim. Hoje a educação parental me transformou em uma mãe mais equilibrada, que compreende que adolescente precisa de um lugar de fala e escuta.

Quando meu filho mais velho viveu sua adolescência, meu SER MÃE não tinha a leitura de mundo, a compreensão e o conhecimento que tenho hoje e cometi muitos erros. Muitas vezes não parei para olhar para ele e escutá-lo. Isso causou dores nele e em mim. Sei que fiz o que considerei ser o melhor com as condições que eu tinha na época. Precisei me perdoar e ser perdoada. Olho para minha essência materna e vejo evolução, transformação e também algumas cicatrizes que contam uma história. 

Ser mãe de adolescente traz sentimentos e emoções que nos levam por uma estrada com muitas curvas. Tem dias que estamos vivendo determinada situação sem saber o que nos espera logo ali na frente. Encaro isso como um dos desafios da maternidade e com resiliência para me adaptar ao que vem logo a seguir.

Não tenho uma receita, mas colocar-se no lugar onde nossos filhos se encontram, lembrar que também fomos adolescentes é o caminho para tecer conexões e confiança. E também calma e paciência a cada revirar de olhos ou quando nos deixam falando sozinhas.

Enquanto estou escrevendo vai se passando em minha cabeça aquilo que tenho vivido: perco a conta das vezes que repito as regras e os combinados, o beijo de boa noite, os desabafos do que não deu certo na escola, ou de sentir-se incompreendida, os conflitos com os amigos, as dúvidas e as inseguranças normais da idade. Um misto de alegria e de dever cumprido se somam ao saber que sou a confidente, a pessoa a quem a minha filha procura para esclarecer o que a tem feito pensar. E o melhor de tudo é perceber que a nossa relação se construiu com confiança e amor, que dei a ela a segurança de não concordar com tudo o que falo e o poder de se expressar e dizer o que pensa.

Descobri que permitir que eles vivam e expressem o que sentem e pensam, com a certeza de que serão acolhidos é um passo importante na construção das relações que vão ditar o ritmo da nossa casa. 

Nem tudo são rosas, há horas que a vontade que sinto é de esquecer por um momento o que aprendi sobre educação respeitosa e brigar. Afinal, depois de um dia de trabalho cansativo, chegar em casa e ver que alguns combinados não foram cumpridos me frustra. Em dias assim lembro da minha adolescência, onde não havia espaço para falar, nem para contestar. Só havia lugar para obedecer e penso como foi difícil. Respiro fundo, faço um exercício de volta a calma e repasso nossos combinados novamente. 

Essa fase vai passar, logo logo ela estará seguindo seus sonhos. Não haverá mais seu riso, suas bagunças, sua voz chamando: “Mãe! Mamãe!” insistentemente. E vou sentir tanta saudade, tanta falta. Essa lembrança me mantém firme no propósito de educar com amor e paciência, mesmo quando é cansativo.

Um abraço compreensivo a todas as mães que assim como eu tenho enfrentado as batalhas que educar filhos representam.

Tenho 48 anos e sou mãe de um filho de 28 anos e uma filha de 16 anos.


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