Criatividade para promover comunicação

Conselheiro Lafaiete, 23 de junho de 2023

Querida mãe em construção, como você está hoje?

Quando minhas filhas tinham por volta dos 6 e 8 anos, me ocorreu um fato curioso com uma delas. Me lembro que percebi que uma delas estava muito triste e calada. Aí, cheguei perto para saber o que estava acontecendo e ela não levantou a cabeça e nem conseguia falar. Eu perguntei: você está com vergonha de me contar, filhinha?

E ela disse, sim, mamãe, estou.

Por um segundo, fiquei sem saber o que fazer. Mas aí me veio uma ideia. Então coloquei-a no meu colo e disse. Filha, você não vai acreditar. Sabe o que achei lá no guarda-roupa quando estava arrumando-o? Uma capa mágica e invisível. Sabe qual o poder dela? Ela torna quem a usa invisível também. 

E aí, completei. Sabe, acabei de colocá-la em você… Ah, ops, cadê você? Desapareceu?

Então ela olhou para mim, inicialmente com a carinha de que, mamãe enlouqueceu, mas logo em seguida entrou na brincadeira. Foi assim, que eu disse, então filha, agora, que você está invisível, pode contar para mim o que aconteceu? Ficar invisível nos ajuda a falar sobre nossos sentimentos, né?

Ela disse, verdade, mamãe e me contou o que havia acontecido.

Um tempo depois, não lembro ao certo, quando ela me viu, disse. Ei, mamãe, o que está acontecendo? Então eu disse, nada filha. Ela então me perguntou, está com vergonha de me dizer, mamãe?

E sem esperar eu respondê-la, ela pegou a minha mão, me levou para a rede, me pediu para deitar lá e sugeriu estar me carregando, segurando a parte inferior da rede e disse, mamãe, lembra-se daquela capa mágica e invisível? Pois é, acabei de colocá-la em você. E começou a brincar comigo, cadê você? Não estou te vendo… Agora que não te vejo, pode me contar o que aconteceu?

E por incrível que pareça, consegui me expressar e dizer para ela, dentro do que eu imaginava que uma criança pudesse compreender da minha situação, o que estava me deixando triste.

Neste dia, aprendemos um pouco mais a olharmos para nós e falarmos sobre nós mesmas, sobre nossos sentimentos.

Com o coração quentinho, me despeço.

Sou mãe de duas adolescentes com 15 e 12 anos e tenho 46 anos.  

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