Os problemas da vida e a maternidade

Mariana, 15 de junho de 2023

   Inicio essa escrita com uma espécie de dorzinha no peito… Com o coração apertadinho por tomar para mim problemas que não são meus. Problemas que a razão sabe que não são, mas que o coração sente que são.

Quando ocorrem problemas em minha família de origem, é como se fosse lançada para aquele lugar do qual já saí fazem quase dez anos. Não consigo me desligar do papel de filha e irmã que está a ajudar os seus entes mais queridos. Na verdade, percebo que de uma certa forma lá estou desempenhando o papel de “mãe”.

   Na teoria sei que devo exercê-lo apenas no novo seio familiar que formei ao longo de minha vida, mas, na prática, não consigo deixar de agir diante das situações em que percebo dificuldades de diálogo e interação entre os membros da minha família de origem. Especialmente frente aos problemas que surgiram, os quais nunca havíamos imaginado passar e que balançaram o nosso sistema de crenças e valores!

Lidar com situações que envolvem o comportamento alheio e, ao mesmo tempo, respingam em toda a família, não é fácil. Envolve aceitação, ressignificação e transmutação. E muitas vezes não estamos preparados para isso, o que nos acaba fazendo levar sofrimento ou algumas das suas expressões, como preocupação, desatenção, falta de energia e tristeza para outros espaços, como o nosso próprio seio familiar.

   Uma vez li uma frase que diz: “Não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte”. Ela tem feito muito sentido para mim e imagino que também para muitas mães que estão a enfrentar problemas pessoais e precisam se abstrair deles para não afetar a sua família e seus pequenos.

            Estou fazendo o exercício diário de colocar as minhas dores e preocupações em uma caixinha para que eu também possa participar ativamente das outras caixinhas da minha vida, principalmente a da maternidade.

    Recordo-me que meus pais sempre ajudaram a preencher com naturalidade e perseverança as minhas caixinhas da alegria e do entusiasmo pela vida, apesar das dificuldades que vivenciaram em seus caminhos. A meu ver, um gesto de coragem e de aceitação perante os movimentos da vida.

  Pensando na minha maternidade, e de tantas outras mães, talvez um convite ao exercício do desapego à necessidade de controle. E de respeito às decisões alheias… Algo bem difícil quando essas decisões não são compatíveis com os valores em que acreditamos, mas que vês ou outra precisaremos encarar!

    Finalizo essa carta em um movimento de me auxiliar no aprimoramento da capacidade de ter empatia e compaixão sem somatizar todos os sentimentos que envolvem o processo de ajudar as pessoas que amo, buscando inspiração no completo estado de presença do meu filho e na simplicidade com que encara as diversas situações, características tão presentes em crianças pequeninas. Sua leveza e alegria cotidianas são contagiantes e, sim, uma espécie de antídoto especializado em amenizar dores e arrancar sorrisos.

     Que sigamos fortes no caminhar apesar das baguncinhas da vida!

Mãe de 38 anos com um filho de 06 anos


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