Medo de crescer, medo de envelhecer

Conselheiro Lafaiete, 15 de junho de 2023

Querida mãe, como você está?

Tenho ouvido dizer que os adolescentes estão com medo de crescer. Acho tão curioso e tão distante da minha realidade, pois quando eu era jovem, eu queria mesmo era crescer e fazer 18 anos, atingir a maioridade. Talvez por uma crença de que aos dezoito anos teria mais permissões e menos proibições.

No passado, eu também vislumbrava um futuro promissor. Mas hoje, o que ouvimos acerca do futuro? As precisões não são otimistas, né? Crises ambientais, falta de água, alterações climáticas significativas. E ao olharmos para os adultos de hoje, o que encontramos? Reclamações, trabalhos exaustivos, pouca diversão..

Talvez seja mesmo muito difícil pensar no futuro e ansiar pelo crescimento no mundo de hoje. Acontece que vivemos nele. Minhas filhas costumam ter a fala nas vésperas dos próprios aniversários: mamãe, não tenho maturidade para fazer aniversário. Sempre achei curiosa essa frase, mas não dava tanta importância. Mas esse ano resolvi fazer diferente, e enviei um texto no WhatsApp, na tentativa de entrar no mundo digital delas.

“Eu acredito que crescer é ao mesmo tempo, difícil, assustador, maravilhoso e libertador. Potente!!! E talvez seja por isso que existam as crises existenciais nas proximidades dos aniversários, pois é quando a experiência do crescer se torna mais concreta.

O fato, é que essa experiência não precisa ser solitária. Acredito que ela será potente se tiver pessoas ao seu lado, que confiam em você, te amam, te ajudem e te apoiem. Não hesite em pedir ajuda!

Saiba que essas pessoas existem e eu sou uma delas. Eu confio em você e sei que você me procurará quando sentir necessidade. Às vezes me atrapalho, me enrolo, pois vê-la crescer também é uma experiência difícil, assustadora, maravilhosa e libertadora para mim, que gera as minhas crises também. Ela me mostra que estou envelhecendo, o que também não é fácil. 🫣

Só quero que tenha certeza que pode contar comigo, sempre! Sei que às vezes vou ajudar, outras nem tanto, e algumas de fato vou mesmo é atrapalhar. A vida é assim, na tentativa de aprimorar os acertos, ocorrem os erros, os enganos. Não há como fugir desta realidade. O fato, é que de todas essas maneiras, o meu objetivo é sempre te apoiar, te ajudar a voar. Pois você filha, voará… E voará alto, do seu jeito e no seu tempo. Não se apresse, você saberá e sentirá o momento e eu tenho fé que saberei entender e respeitar.

E eu me sentirei, assim como me sinto agora, orgulhosa em ser sua mãe. Obrigada pela confiança em partilhar comigo o seu momento ontem… Te amo até o planeta Música! Ida e Volta, algumas vezes…”

Enviei este texto e adivinhe? Nenhum retorno, nenhuma palavra, nenhuma resposta, nenhum emoji. Sabe, me senti um pouco frustrada, mas aguardei calada. Segurei minha angústia por alguns dias e depois ela passou, talvez pela consciência de ter feito o que eu achava correto naquele dia. E quando relia o texto, me senti realizada em ter a capacidade de fazê-lo e enviá-lo. E não é que dez dias depois, recebo uma carta com os seguintes dizeres:

“ Obrigada (…) pelos textinhos enormes que eu finjo que nem vi, mas choro toda vez que você manda ou que eu leio”Uau…

Com amor.

mãe de 46 anos, com duas filhas adolescentes de 15 e 12 anos.


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