Como pensamos diferente!

Conselheiro Lafaiete, 5 de fevereiro de 2023

Querida mamãe,

Espero que esteja bem. Hoje venho compartilhar com você um diálogo, no mínimo curioso, que tive com a minha filha e me fez refletir muito, sobre a nossa diferença de pensamento. Ela estuda de manhã e fui buscá-la na escola. Chegamos a casa, eu fui fazer o almoço que estava atrasado e ela foi para o quarto dela. 

Quando o almoço estava pronto, a chamei e disse:

– Filha, senti falta de você me oferecer ajuda para fazer o almoço. Hoje foi um dia cheio, eu estava atrasada, não viu como a cozinha estava quando chegamos?

– Mãe, como posso oferecer ajuda, se eu não quero ajudar agora. 

– Filha, mas em muitos momentos fazemos muitas coisas que não queremos. Faz parte!

– Uai, mãe, então por que você não me pediu ajuda?

– Ah, se eu tivesse te pedido ajuda, você faria mesmo sem querer?

– Sim, mãe, faria. 

– Ah, tá…

E assim encerramos a conversa, que me levou a algumas reflexões.

Primeiro a forma diretiva, objetiva e clara do pensamento dela. Me pareceu que na cabeça dela é cheia de caixinhas. Caixinhas que guardam o que é a responsabilidade dela e o que é a minha. Caixinhas que guardam o que eu quero fazer e o que eu não quero fazer. Tudo muito bem-organizado e claro.  

E depois, a minha expectativa de que ela entenda questões nas entrelinhas, neste momento do desenvolvimento dela. A minha expectativa que ela compreenda que as caixinhas podem se misturar em algum momento. Mas, sem que eu interfira neste processo. Por que é tão difícil para mim pedir ajuda? Por que será que espero que as minhas filhas, adolescentes, em uma etapa da vida com muitos momentos de introspecção, adivinhem o que eu preciso? Qual é a minha dificuldade em expressar, de maneira objetiva, o que é necessário naquele momento? De onde vem essa necessidade de achar que outras pessoas devem adivinhar o que eu preciso? E quando não adivinham, ou adivinham algo errado, por que fico tão nervosa?

Então, neste contexto, me pergunto? Como construir juntas o comprometimento e a responsabilidade por atividades responsáveis pelo bom funcionamento do nosso lar e pelo saciamento das nossas necessidades básicas?

Com a cabeça cheia de interrogações, me despeço afetuosamente.

Cristina, 45 anos, mãe de uma de 14 e outra de 12. 


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