Será que nossos filhos adolescentes sabem que nós os amamos?

Mariana, 08 de abril de 2024

Olá, querida mãe em construção, espero encontrá-la bem!

Essa carta foi escrita no dia 09 de outubro de 2023 e hoje leio para vocês como a escrevi naquele dia.

Hoje, li uma reflexão no MAC (Mãe dos Adolescentes em Construção) que me remeteu há um momento que vivi com meu filho de 20 anos. A reflexão dizia se nossos adolescentes sabem que os amamos, no meu caso, uma adolescente de 17 e um jovem de 20 anos.

Pois bem, que nós mães amamos nossos filhos, como bem dito na reflexão é fato, não há dúvidas, mas se eles sabem, é outro assunto. Acredito que até sintam, mas como sentem? O suficiente para não duvidar? Para não comparar? Me coloco agora no lugar da filha para responder a essas indagações e acho que a resposta é NÃO. Isso mesmo, NÃO, em caixa alta, com todas as fragilidades que conduzem essa resposta.

Mas o que tem esse NÃO, tem a ver com o momento vivido com meu filho? Então, certo dia eu iria ficar sozinha e pedi que ele não saísse, pois estava com medo de ficar sozinha a noite, medo esse que não sei de que, tinha combinado um dia, e na última hora a data mudou e queria que ele fosse para um evento conosco, um sítio e o dia para ficar comigo seria outro, com a mudança de planos ele também mudou os planos dele e marcou com uns amigos.

Ao conversarmos pedi que ele alterasse sua programação e um dado momento eu disse: “Porque você não gosta de ficar com sua família?” Continuamos a conversa e acabei cedendo e disse “Tudo bem, ok pode manter sua programação” E ele disse: “Você vai ficar brava depois, está falando com voz de brava”, eu disse que não, que estava de boa, e, de repente, ele começou a chorar. Eu não entendi o motivo do choro e fiquei tentando buscar na memória o que eu havia dito para fazê-lo chorar. Eis que comecei a chorar junto, dizendo que eu não estava brava, que ele podia ir, descansar, que sei o quanto a faculdade é pesada e que ele precisava também descansar e se divertir um pouco e que eu o amava muito, o abracei e choramos juntos.

Eu havia acabado de voltar do Rio, estava cansada, física e emocionalmente, pois ao voltar, outra emoção me abraçou, muitos gastos para dar conta de finalizar essa etapa da vida, o mestrado. Outra crise de ansiedade e o choro por vezes insistia em vir, tive de engolir meu orgulho, assumir minha fragilidade desse momento novamente e pedir ajuda, financeira, física e emocional. Não estou conseguindo ficar a noite sozinha e não quero ao mesmo tempo, ser um peso para ninguém, me senti mal, fraca, e ver meu filho chorando, se sentindo talvez culpado, não sei, doeu tanto. Será que ele não está se sentindo amado como merece? Será que não estou sendo a mãe que ele precisa? Muitas foram as dúvidas e angústias que me assolaram naquele momento. Meu menino, ali fragilizado, me pedindo colo, sem conseguir colocar em palavras, só lágrimas…

 Naquele momento sequer conseguimos falar, mais tarde ele teve febre, não sei se emocional, pois estava um pouco gripado, mas pode ter sido um misto de várias coisas… Mais tarde fui ao quarto dele cuidar do resfriado e conversamos, ele me disse o motivo do choro. Sabem qual foi?  Foi me ouvir dizer que ele não gosta de ficar com a família, então pedi que ficasse mais, que amo a companhia dele, amo estar junto dele, fazer coisas com ele. E prometi que teremos mais tempo em família, mais tempo de mãe e filho, que falaremos mais quando doer, e em especial falarei mais e mostrarei mais o quanto eu os amo, pois não quero nunca que meus filhos duvidem do meu amor por eles.

Reler hoje essa carta para gravá-la e enviá-la foi um misto de emoções, revivi esse dia e me fez lembrar o quanto essas cartas, como diz a Nívea: são uma espécie de “autocura”. E me lembrou o trecho de música, que agora serve de fundo musical para essa carta, “eu quero ser curada e ajudar curar também”. Compartilhar nossas histórias nos tornam, novamente citando minha querida Nívea, “mães melhores” para nossos filhos e para mim, eles, nossos filhos, são nossas melhores partes.

Biel e Mille, vocês são meu coração batendo fora do peito! A vocês dois, meu amor todinho, daqui até a lua, ida e volta. Digam, digam muito, digam tudo, digam sempre. Amo vocês!

                                                                                                                                        Com amor!

De uma mãe em construção com 44 anos, de dois filhos maravilhosos de 17 e 20 anos, os melhores filhos do mundo todo!


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