Resgatando relações

São Paulo, 1 de março de 2024

Quando minha filha nasceu, por algumas horas não consegui parar de falar.

A emoção era tanta, pois após 9 meses de expectativa, fora uma adolescência sonhando em ter uma família, enfim, ela chegou!

Uma fofura, moreninha. Nasceu com pernas gorduchas. 

Durante 9 meses, fui casinha de gente, sentia-me especial, afinal, a chegada do primeiro filho, a gente nunca esquece. É quando passamos de filha para mãe!

Era muito nova, tinha 21 anos de quando de seu nascimento.

Era um bebê saudável, mas não gostava muito de dormir. Chorava bastante e demandava minha atenção.

Às vezes o pai saia de carro, que com o balanço ela adormecia e assim, eu podia descansar um pouco.

Chega seu primeiro aniversário, e uns dias depois fico sabendo que estou grávida novamente. Nasce um menino e em seguida, 11 meses depois, tive outro menino.

Minha filha era sensível e agitada. Não parava quieta e parecia que sabia que estava para vir um irmão. Depois o outro…

Como toda menina, era agarrada ao pai. Foi crescendo, adolescente difícil. Aos 12 anos, teve um problema de saúde bastante delicado. Vamos vivendo, com nossas peculiaridades e diferenças. Ela crescendo e eu também, mas nossa relação era bem difícil. 

Eu sempre tentava me aproximar mais dela, mas nem sempre era bem recebida.

A uns 7 anos atrás, resolvi convidá-la para uma viagem. Só nós duas. Estávamos ambas com receio pois nossa intimidade era precária…decidimos fazer um passeio de 4 dias para experimentar.

Sucesso!!!!!!!!! Foi ótimo, e assim fomos nos aproximando lentamente: ela já era mulher feita, abriu a guarda e pude ter lugar na vida dela. Aos poucos fizemos o resgate da nossa relação.

De lá para cá, fizemos outros passeios, e foram momentos deliciosos, fora os cinemas, museus, programas pela cidade.

Sou grata por nunca ter perdido a confiança, por tê-la mais perto e por ter tido a oportunidade de resgatar um laço afetivo tão importante para mim. Creio que para ela também.

A vida é assim, cheia de surpresas e presentes.

Movimentar e buscar os resgates possíveis, é tarefa trabalhosa. 

Fiz a escolha de tentar o resgate, afinal, a mãe sou eu, e devo ter melhores recursos para gestos “ousados” e arriscados.

A paciência e a persistência foram importantes neste movimento que felizmente deu certo!

Desistir, neste caso, sem chance!

Tenho 73 anos, filha de 51, filhos de 49, e 48. Neta de 12


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