Adolescentes querem conversar

Conselheiro Lafaiete, 11 de janeiro de 2024

Olá, como você está se sentindo hoje? 

Eu resolvi compartilhar algo que aprendi em uma experiência que tive no ano passado. Eu descobri que sim, o nosso filho, nossa filha adolescente quer falar conosco, seus pais, sim. Eles só não sabem como fazer, assim como muito de nós. E querem falar sobre o que sentem, como se sentem. Talvez seja essa um dos aprendizados dessa nova geração, nos ensinar a reconhecer e falar sobre sentimentos. 

A escola de uma das minhas filhas desenvolveu um projeto maravilhoso que abriu espaço para conversas sobre ansiedade, tristeza, depressão e suicídio na adolescência a partir do livro intitulado Meu lugar no mundo, de Walcyr Carrasco. O projeto se concretizou a partir de rodas de conversas em sala de aula, palestras com profissionais e tenho certeza de que houve outras iniciativas dentro do contexto escolar que eu não fiquei sabendo. 

No entanto, assim que minha filha me relatou, imediatamente entrei em contato com os responsáveis solicitando a incorporação de um momento de conversa também com os pais. São assuntos delicados e importantes que considero essencial que haja espaço para troca. E para mim, não são conversas simples. Então, considerei uma excelente oportunidade para também explorar um pouco mais o assunto com a minha filha a respeito. E me ofereci para ajudar na condução da roda de conversa. 

Não sei ao certo se foi a minha sugestão ou se a iniciativa foi interna, mas o fato é que recebi um convite para participar como mãe e como educadora parental deste momento. E me surpreendi inicialmente pelo convite da minha filha em convidar não somente a mim, como também ao meu marido para irmos juntos com ela.

Conversando com uma das coordenadoras do projeto, ela me informou que os alunos, ao saberem que iria ter uma roda de conversa com os pais, eles se interessaram em participar junto neste momento único com a participação dos alunos e dos pais. 

E uma das perguntas que um professor fez descrevendo que buscava a resposta para ele no papel de pai, mas também pela necessidade que ele ouviu dos jovens era: como nós, pais, podemos quebrar as barreiras e proporcionar em nosso lar espaço para o diálogo com os nossos filhos?

Na minha experiência, essa pergunta, que não tem uma única resposta pronta, parece ser um dos grandes desafios da educação de adolescentes nos dias de hoje.  Mas a escola me ensinou um caminho, pode ser através da leitura conjunta. 

E funcionou, pois a minha filha deu o seu depoimento reforçando a importância deste espaço. O que ficou para mim da fala dela foi que falar desses temas sensíveis, como tristeza, depressão, ansiedade e suicídio é uma forma de falar sobre a valorização da vida. Portanto, precisa de espaço para tal. Que lindo, né? Que aprendizado!

Hugo Monteiro, autor do livro chamado a “Geração do Quarto, quando as crianças e os adolescentes nos ensinam a amar” nos diz:

“Se pensarmos bem e sentirmos bem, vamos com calma e amor, ouvir relatos maravilhosos dos meninos e das meninas que nos ensinam a amar, a partir de suas experiências nem sempre saudáveis, mas sempre exemplos de quem, de um modo ou de outro, está tentando criar vínculos com a vida e com ela, manter uma relação de acordo com as suas possibilidades e os seus limites.”

E assim, entendendo a importância tanto para mim como para minhas filhas, sigo buscando e testando estratégias para abrir espaço para diálogo em casa. Tanto elas, como eu, queremos e precisamos. 

Certa dessa necessidade, me despeço. 

Tenho 46 anos, sou mãe de duas filhas adolescentes, como 13 e 15 anos.


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