Família Colorida

Conselheiro Lafaiete,

Queridas e queridos,

Como eu sei que não são só mamães que leem as cartas… queridos!!!

Hoje eu venho dividir com vocês a experiência de ser mãe preta, casada com homem branco e ter filhas coloridas… costumo brincar que somos um pequeno retrato do Brasil.

Quando andava com minha filha mais velha pelas ruas, me perguntaram por mais de uma vez se ela era descendente de índio… eu respondia que provavelmente, pois não sabia de ascendência das minhas avós ao certo, porém era uma possibilidade. Vocês devem estar imaginando como era essa bebê. Ela era negra, de cabelo pretinho e liso e olhos de jabuticaba.  Rosto fofo e arredondado que brilhava. Que saudades daquela fofura toda!!:

Após três anos estava eu, andando pela cidade com outro bebê, enquanto a mais velha estava na escolinha. Precisava de um sapato para ir a um casamento. Entro numa loja e já de cara a vendedora fala, que bebê mais linda… olha a cor desses olhos. É verde ou azul? Ela é filha de quem? Nessa última pergunta, já fui logo respondendo: minha!!! .

Quem anda com bebê de poucos meses pelas ruas, sozinha, sem ser seu? Raro de ver!!!

Mas a moça não se conteve, quis saber quem era o pai, se ele tinha olhos claros. Ficha completa. Pensei: será que ela acha que roubei a criança? Não sei! Mas por lá não fiquei muito tempo… comprei em outra loja.

Ah! Essa formosura de bebê tinha pele branca, olhos verdes ou azuis e os cabelos crespos. Um lindo black… tinha muito cabelo, igual a mim, mas com curvatura diferente.

E depois de quatro anos… estou eu novamente com uma nova bebê… essa carequinha… mais branca de todas, também de olhos claros… teve gente que brincou: ela parece um bebê da estrela. Conseguem imaginar o que ouvi ao sair sozinha com ela nas ruas? Te conto uma:” você olha essa criança para quem? ”

Respondi ela é minha e fui embora…

Hoje elas não são mais bebês e mudaram um pouco… a mais nova tem quatro anos, porém, ainda saio nas ruas com as três e me perguntam: as três são suas? Fico pensado: será que é porque acha que é muito filho ou pensa que alguma delas não é minha filha? 

Independentemente do que pensam, eu sigo feliz com minha família colorida. Com esperança de que nós, brasileiros e brasileiras, possamos perceber que somos um país diverso, plural e lindo por essa mistura. Que possamos respeitar as diferenças e não negar nossas origens.

Com carinho, 

Mãe de 38 anos, com três filhas de 11, 8 e 4 anos.


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