Estar presente, revela presentes… 

Conselheiro Lafaiete, 14 de setembro de 2023

Olá, querida mãe.

Como você está hoje? Como vai à família e suas relações? Como você está dividindo o seu tempo, seus pensamentos e sua energia entre o passado, o presente e o futuro.

Há uns dias, eu li uma reportagem dizendo que nós, aqui no Brasil, representamos o maior percentual de pessoas ansiosas no mundo. Não sei se é totalmente verdade, mas essa reportagem me chamou atenção e fez sentido. Então, pensei, será que também estou vivendo mais no futuro do que no presente, né? Pois é isso que representa a ansiedade para mim, viver intensamente o futuro. Claro que pensar no futuro serve para planejar, sonhar. Contudo, é importante atentar-se a dosagem. Não é essa característica que separa o remédio do veneno?

E então me lembrei de um fato que eu só consegui entender, ao me fazer presente. Há um pouco mais de um ano, eu tive que me ausentar da minha família para suprir uma demanda da minha família de origem. Foi necessário, importante, mas desgastante demais, tanto física como emocionalmente. E meu marido sabia disso.

E adivinhem, o que ele fez? Conversou com as nossas filhas, explicando a situação, fazendo uma projeção de como eu iria chegar, pois estava acompanhando a evolução do meu cansaço físico e mental pelas nossas conversas. Pediu para elas paciência para me preservar, até eu conseguir descansar um pouco.

Mas o fato, é que elas também estavam com saudades de mim, e no meu retorno, vieram em busca do meu carinho, atenção, meu afago. E uma grande vontade genuína em me agradar. Imagino que você consiga me entender, pois eu, exausta, no limite, e elas chegando eufóricas, saudosas… Deu ruim, claro… Rolou conflito e eu acabei me expressando de uma maneira que as levou a recuar. 

Meio perdida, fui perguntar a elas o que havia acontecido, elas me disseram que estavam com raiva do pai. E começaram a relatar o que o pai tinha feito. Eu fiquei meio na dúvida, o motivo relatado não me pareceu coerente. Então chamei meu marido para conversar e entender o que estava acontecendo. E foi neste momento, através do seu olhar, que a ficha caiu. Descobri que elas, na fala, direcionavam a raiva que sentiam de mim devido aquele conflito, para o pai, visando me preservar, naquele meu momento de vulnerabilidade. 

No primeiro momento e na minha arrogância, pensei, como assim? Elas podem falar o que elas quiserem comigo, eu dou conta. Já estava colocando a minha armadura de mãe forte, quando percebi o quão frágil estava e me voltei ao momento presente. Entendi que se tratava de um cuidado e um carinho comigo. Que eu precisava e merecia. 

Ah, e como me senti amada! Como é gostoso aprender e receber esse carinho, esse cuidado. Então, eu abaixei a guarda, reconheci o meu estado, bem como o das meninas, o que me deixou disposta a dedicar um tempinho com elas. Fui lá, pedi desculpas e disse eu precisava mesmo do carinho delas, pois eu estava exausta. E ficamos assim, um tempo conversando, desenhando tranquilamente. 

Ao me fazer presente, aprendo também a ser cuidada, o que é um belo de um presente. Reconhecer nas situações cotidianas, que sou humana, tenho meus altos e baixos e sim, preciso ser cuidada, é um grande presente. E estes presentes se tornam cada vez mais presentes quando me faço presente. 

Ainda emocionada, me despeço.

Com muito amor!

Mãe de 47 anos, de duas adolescentes de 15 e 13 anos.


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