Minha filha está namorando

Conselheiro Lafaiete, 13 de março de 2023

Querida mãe, como você está hoje? Eu estou aqui, buscando forças para começar mais uma semana… Afinal hoje é segundona… E eu resolvi começá-la escrevendo uma carta

Minha filha, de quatorze anos, começou a namorar. E desde então, o que mais eu ouço é a pergunta? E aí, como você está? Como está o seu coração? E logo em seguida vem, claro, e como está o coração do seu marido?

Bom, inicialmente eu me senti meio confusa. Sabe, eu já me senti assim algumas vezes, quando aconteceram algumas mudanças significativas na minha vida. Situações em que eu sabia que ia acontecer, ansiava pela sua realização e quando acontecia, aquele susto. Tipo quando me formei, noivei, casei e virei mãe… Sabe aqueles rótulos que a gente passa a ganhar de um dia para o outro. Claro que não foi assim, de um dia para o outro, houve uma construção, mas é, sim, de um dia para o outro que a situação se materializa e você passa efetivamente a exercer novos papéis, tipo noiva, esposa, mãe, sogra.

E a cada papel, novas responsabilidades. Uma vez ouvi dizer que o encarar de frente o crescimento e amadurecimento dos nossos filhos, às vezes dói, porque escancara o nosso envelhecimento. Por isso que dizem que, para as mães, os filhos nunca crescem. É acredito que sim. Esse fato me fez ver, que sim, minhas filhas estão passando de fase assim como eu também passei. Essa constatação me deixou assim, um pouco saudosa. Existem algumas situações que escancaram essa realidade, caso a gente queira ver ou não, não tem como fugir, como a menarca, namoro. É isso, acontece e não tem volta. 

Eu já tinha observado diferença no comportamento dela em relação a essa pessoa, a aproximação, os olhares, o aumento das conversas no físico e virtual. E, no fundo, fui vivendo junto com ela esse amadurecimento da relação. Então, quando veio a notícia do namoro, para mim, que me achava a mãe descolada e próxima, estava certo. Já imaginava que iria acontecer em algum momento e estava mesmo feliz com mais esse desenvolvimento dela. 

Até que um dia fui buscá-la em algum lugar e antes de entrar no carro, ela vai se despedir com um abraço e beijo. E pela primeira vez a vi beijando com um selinho.

Foi neste instante, que a mão da mãe moderna e descolada, vai parar diretamente na buzina e permanece alguns segundos. Todos nós assustáramos e percebi olhares espantados. E eu, também paralisei e não entendi muito bem o que estava acontecendo. Percebi, então, que sim, existem momentos importantes, necessários e que por mais que eu aceite e entenda sob a luz da razão que estou preparada, não é bem assim que acontece. Ao chegar em casa, achei foi é graça da minha prepotência e aceitei o desconforto existe, sim, ao perceber a filha namorando. E que ele não passa assim tão rápido. 

Com uma dose de humor, me despeço. 

Cristina, mãe de duas adolescentes, 14 e 12 anos. 


GOSTOU DA CARTA E QUER ENVIAR UMA PRA GENTE?

Deixe um comentário