Conselheiro Lafaiete, 25 de novembro de 2022.
O que dizer da paternidade?
Para muitos: medo; para outros: esperança; E para a maioria: alegria. Para mim foi simplesmente um misto de tudo isso, pois sabia que seria um desafio muito grande e que queria aprender muito com ele.
Os desafios chegavam e eu sempre me perguntava se eu seria um pai bom.
Então, era pouco mais de 00 h e escutamos um barulho como se fosse um champanhe estourando e a minha esposa me perguntou: “Você escutou?”
E eu disse: “Sim, que será que foi isso?”
Ela disse: “Não sei”.
Logo após o acontecimento, ela foi ao banheiro e percebeu um líquido amarronzado descendo e me chamou com medo, para me dizer o que tinha acontecido. Nesse momento eu já comecei a ter expectativa e pensava: é agora.
O caminho do hospital gerou ansiedade em nós dois. Depois que fomos atendidos o médico disse que a bolsa tinha estourado e o que o Anthony tinha literalmente “enfiado o pé na bolsa”.
Ele chegou ao mundo próximo às 7:00 H da manhã.
Depois do susto do nascimento, com oito meses de gestação, começaram os desafios que a vida nos proporcionaria ao sermos pais.
Trocar fraldas e outras coisas, eu não tive muito problemas, pois sempre busquei aprender, mesmo sendo pai de primeira viagem. Fazia isso para não depender de outras pessoas, ou pelo menos, depender o mínimo possível. Isso seria uma das formas de participar mais ativamente da caminhada dele.
Na caminhada me deparei com várias coisas que nunca imaginava e foi gerando muito aprendizado.
Acho que Deus me capacitou a cada ano da minha vida, para ter o Anthony, pois os desafios sempre foram constantes.
Ele virou a cada dia mais parte de mim na aparência, em detalhes no corpo que eu tenho, e ele também tem igual, na motivação que tenho a cada dia que estou com ele. Quando ele tinha 1,2 anos começamos a perceber que ele não se comunicava e tinha muito foco em coisas pedagógicas e com isso buscamos entender para tentar ajudar. Descobrimos que ele tinha muitas características de pessoas com autismo. Completados 3 anos marcamos um médico, levamos todas aquelas perguntas que tínhamos dúvidas, preocupações, e o medo nos consumia a cada dia. A ansiedade era maior e ao chegar o dia da consulta, e quando chegou, simplesmente o médico perguntava as coisas e batia tudo, como se parecesse que ele tivesse participado daquele ciclo de gestação e nascimento. Era incrível e ficávamos de boca aberta com aquelas perguntas, que já vinham com as respostas dele. Não entendemos muito quando recebemos o diagnóstico de autismo e possivelmente também junto à síndrome de Savant. O médico nos disse que nós ainda nos surpreenderíamos muito com nosso filho. Outra coisa, parece que ele sabia do futuro, esse doutor.
Hoje aos 04 anos, após bastante terapia e estímulos, o Anthony nos consome bastante energia, pois a força dele em aprender nos fortalece muito a querer ajudá-lo e motivá-lo.
Depois de todos esses sustos, desafios, superações e felicidades, ele tem ficado bem mais independente a cada dia, mesmo tendo suas limitações em várias coisas.
Acredito que hoje eu posso dizer que na missão pai eu estou conseguindo ser o melhor que posso. É uma troca constante com ele de aprendizado e a cada dia eu tento ensinar mais, e acabo aprendendo muito com ele.
Só tenho a agradecer a Deus por ter o Anthony que é super esperto e inteligente e de superar todas as minhas expectativas e medos.
Hoje, me sinto realizado como pai.
Emerson de Souza, 36 anos, pai de um garoto de 4 anos.
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