Papai, papai, papai ……….

Conselheiro Lafaiete, 01 de setembro de 2022

 Caros leitores,

A palavra mágica, doce, reconfortante e transformadora. Lembro da primeira vez que ouvi, e tenho a felicidade de ouvir até hoje, as minhas filhas me chamando de “papai”, apesar da idade delas, que já estão na adolescência.

Tudo começou quando a minha esposa, com o teste de farmácia na mão chorando e me acordando dizendo que tinha dado positivo, fizemos o exame de sangue e lá vinha a nossa primeira filha. Foram 9 meses de espera, mas muita curtição. Atualmente ser pai (papai) começa mais cedo, lembro de quando ouvi o coraçãozinho batendo pela primeira vez, o ultrassom que deu para ver o bebê mexendo, o formato do rosto perfeito.

Quando a minha filha mais velha chegou foi um susto só, tivemos que ir às pressas para o hospital e teve que ser feito cesárea, apesar de ficamos 9 meses planejando parto natural. Mas pela segurança delas, filha e mãe, foi a melhor opção. Pude assistir o parto e ver a Isabela ao vivo, já que havia visto e sentido durante a gestação de forma indireta. Foram muitos sentimentos naquele momento, confesso que um pouco tenso. Cadê o choro? Não veio imediatamente assim que ela nasceu. Que segundos “demorados”…  Mas aconteceu e com ele pude relaxar. Momento único de ver aquele rostinho, mãozinhas, pezinhos e ir me reconhecendo nos pequenos traços dela.

Lembro que eu troquei a primeira fralda e fiquei feliz com isso, afinal sou o irmão mais velho da minha casa e cuidei dos meus irmãos mais novos. Me sentia seguro e entendia que seria tranquilo e que estava preparado. Até o momento que, com a Isabela no colo, saímos do hospital para ir para casa. Acho que neste momento bateu o peso da responsabilidade como pai, protetor e homem da casa. Olhava para aquele rostinho e pensava “será que vamos dar conta? Um ser tão frágil, não fala o que sente”. Confesso que naquele momento me senti incapaz e com medo de acontecer alguma coisa com ela e a gente não saber o que fazer. Foram alguns meses de aperto, trocando turno para vigiar e, por várias vezes, me via no berço ao lado dela vendo se estava bem, se estava respirando rsrsrs, hoje é fácil falar e até rir.

Mas com o tempo esses momentos de tensão foram passando e começamos a aprender a curtir a Isabela. Após 2 anos chegou minha outra filha e eu já estava mais preparado e mais tranquilo em relação a paternidade. Quando a Isabela tinha 4 meses de idade fui trabalhar próximo a BH e precisava ficar a semana fora, nesta época optei pela carreira e trabalhar com o que gosto. Mas com o tempo senti que perdi uma fase de desenvolvimento da minha filha pois não estava perto quando ela deu os primeiros passos, as primeiras palavras. Quando a segunda estava para chegar para chegar, tomei uma decisão de mudar de área no trabalho novamente, em parte abrindo mão de uma área que gostava, mas não queria perder nem um dia de convivência com elas. Com a caçula pude acompanhar no dia a dia o seu desenvolvimento além de estar mais presente com a primeira na chegada da irmã, que é uma fase de adaptação para a criança que deixa de ser filha única e começa a dividir a atenção dos pais com a irmã.

Desde então tenho tido uma gratidão enorme dessas meninas estarem na minha vida e a cada dia me tornando uma pessoa melhor. Hoje quando penso nesses 14 e 12 anos de convivência vejo o quanto aprendo e me divirto com elas, são muitas brincadeiras, seções de filmes e séries, trabalhos de escola. As vezes temos nossos conflitos, mas no final está sendo uma grande jornada de aprendizado e compartilhamento.

Aprendi o que é o amor incondicional, como nos doamos aos nossos filhos. Confesso que quando eu fui pai aprendi também a ser filho, a entender mais os meus pais e valoriza-los mais, pois agora sei um pouco do que eles passaram e o que sentem por mim.

Assim, me despeço.

Deiwys, pai de duas adolescentes de 14 e 12 anos.


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