Momento de ir para a escola

Conselheiro Lafaiete, 27 de maio de 2022

Querida mamãe,

Há um tempo, tenho vontade de escrever sobre a nossa experiência familiar acerca do momento em que nossas filhas foram para a escola. Felizmente, aqui, eu e meu marido tivemos a oportunidade de escolher, implementar, avaliar perdas e ganhos e fazer outras escolhas….

Quando a minha primogênita estava com um ano e seis meses, descobrimos que eu estava grávida novamente. Foi ótimo, maravilhoso, pois era o que queríamos. A nossa escolha era ter uma diferença pequena entre os nossos filhos. Para mim, fazia sentido termos filhos com idades próximas, para eles terem a oportunidade de viverem as mesmas fases da vida, juntos, e fazerem companhia um ou outro, uma vez que nossa vida profissional, nos manteria afastados delas boa parte do dia. Eu me apoiava na experiência do meu marido, que tem irmãos com idades próximas, e as histórias que ele conta e assim decidimos.

Mas aí, vieram as dúvidas, né? Então, como seria este período, com um bebê e uma criança pequenos em casa, após o meu retorno da licença maternidade? Eu, particularmente, tinha muito medo da pessoa que nos ajudava não dar conta de cuidar das crianças, casa, cozinha, e tantas demandas. Então decidimos que a melhor opção, naquele contexto, seria colocar a mais velha na escola e assim fizemos. Ela foi para a escola no início do ano com 1 ano e 9 meses.

O primeiro dia foi aquela festa. Como meu marido trabalhava em outra cidade e ficava fora de casa de segunda a sexta, meus pais, que também moram em outra cidade, vieram me apoiar a levá-la para escola no seu primeiro dia. Ela aparentemente, se adaptou bem, deu até um tiauzinho sorridente… Mas com o passar do tempo ela começou a apresentar infecções recorrentes. Mal terminava uma, começava outra, até que um dia antes de terminar o tratamento de uma infecção, ela apresentou febre novamente. Levando-a ao médico que a acompanhava, ele me disse que, provavelmente, o corpo dela começava a apresentar resistência ao medicamento.

Foi aí, que paramos e pensamos… O que está acontecendo? Se está difícil para mim, imagino para ela… Então eu particularmente fiz um exercício de me colocar no lugar dela e vejam o que eu descobri… Na imaginação, criei os pensamentos dela e foram esses:

“O que está acontecendo? Antes eu tinha atenção de todo mundo… Agora meus pais começaram a falar de uma tal irmãzinha, dizendo ser uma coisa boa. Mas a verdade, é que tenho que ir para a escola, minha mãe todo dia tem compromisso com essa tal de obra e ainda nem pode brincar de qualquer coisa comigo porque está com um barrigão. E aí, ela vai parar de trabalhar, para ficar um tempo em casa com essa minha irmãzinha, e me mandar para a escola…Será que ela não gosta mais de mim? Será que ela gosta mais dela?”

Foi aí que a ficha caiu… Então, imaginei que toda essa mudança deveria também ter influenciado no sistema imunológico dela. E ainda veio uma incoerência no modo de pensar e agir, pois se pensávamos em ter filhos com idades próximas para serem companhia uma da outra, como assim, na primeira oportunidade já as separamos? Resolvemos então tirá-la da escola, e mantê-la em casa por mais dois anos, junto a irmã. Reestruturamos a administração da casa e deu tudo certo, no meu retorno ao trabalho.

Quando elas tinham 4 anos e 9 meses e 2 anos e 6 meses, foram juntas para a escola. Alegres, se adaptaram bem. Novamente dando “tiauzinho” sorridente ao sair de casa, porém nenhuma delas apresentou infecções recorrentes neste período.

A partir dessa experiência, eu busco trazer um pouco mais de consciência para os sinais que elas apresentam… E quando esses sinais são recorrentes, aí, sim, novamente, como detetive busco olhar além… E por incrível que pareça, aparece um desconforto, uma inadequação, um problema. Foi aí, que comecei a aprender que nos comunicamos de várias formas…

Com muito amor, me despeço.

Nívea, mãe de duas filhotas, de 14 e 11 anos.

 


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