Resiliente? Sim!

São Paulo, 08 de agosto de 2023.

Querida Mãe,

Na minha adolescência brincava muito na rua, não me recordo de fazer tarefas domésticas, lições de casa, mas, das brincadeiras e dos colegas, eu me recordo muito bem. Meus pais são separados, então de criança fui morar com meus avós e tios. Por conta desta separação, minha mãe começou a trabalhar e eu não tinha muito contato com ela. A ponto de chamar a minha vó de mãe e a minha mãe pelo nome. Todo final de ano minha mãe alugava casa na praia e passávamos dias no litoral, tenho muitas recordações desta época. Ela era presente com coisas materiais, roupas, sapatos, comida dentro de casa. Porque ela acabou assumindo o papel do homem da casa por conta do meu pai, e, por outro lado, por parte do pai dela (meu avô) que era alcoólatra. Então, entre 18 e 20 anos, ela teve que se virar e fazer acontecer para ser alguém e se manter e sustentar a família.

Resumidamente, na minha adolescência e juventude eu não tive muitas orientações dos meus pais, avós. Meu pai raramente me buscava para ir à casa dele. Ficamos por muito tempo sem nos vermos, relacionamento bem distante. Por me sentir rejeita tentei suicídio 2 vezes, ato confessado e acertado com minha mãe antes de me casar, inclusive esse era o sentimento que até então nutria em relação ao nosso relacionamento. Aprendi muita coisa na rua, com amizades erradas pela qual também me envolvi, fui vítima de pedofilia “com consentimento” sem saber o que estava fazendo.

Tinha um dedo podre para escolhas de namorados (traficantes, noias), ficantes, e foi na época que eu mais me sentia rejeitada. Mas em meio a tudo isso, a esse turbilhão de coisas que me aconteceu, eu não frequentava a igreja na época, nem meus familiares. Apesar disso, Deus cuidou de mim, e me deu livramento de muitas coisas, mas de muitas coisas mesmo, que se for contar vira um livro. Quem sabe um dia! Haha

 Recebi muitas palavras negativas: você é burra, não vai ser nada, não vai chegar em lugar nenhum, é tonta mesmo dentro de ambiente familiar. Então na rua com os “meus amigos, namorados” era legal porque tinha aceitação, pelo menos achava que tinha.

Entendo que muitas das coisas que aconteceram comigo, me faz olhar para os meus filhos hoje e ser diferente de tudo aquilo que recebi, carrego algumas crenças limitantes que aos poucos estou me libertando.

Mãe Sou mãe com 42 anos, tenho filhos de 11 e 8 anos.


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