Ser mãe é literalmente padecer no paraíso

Duque de Caxias, RJ, 07/08/23

Olá, mães, quero compartilhar com vocês um pouco da trajetória da minha primeira gestação.

Essa frase fez todo sentido quando meu sonho de ser mãe se tornou realidade. Quando pensava em ser mãe, eu pensava em ser mãe de filhos adolescentes porque eu queria ser amiga deles, talvez por não ter a presença dos meus pais, meu pai faleceu quando eu tinha 4 anos e minha mãe não tinha tempo, pois o tempo dela era para trabalhar para levar o sustento para casa.

E aos 23 anos, após algumas tentativas frustradas em tentar engravidar e com o relato de um médico que disse que seria quase impossível que eu pudesse ser mãe. E a felicidade em saber que aquele médico estava equivocado, eu descobri que estava grávida, foi como se o mundo tivesse parado naquele momento para mim, mas eu não esperava que minha gestação fosse ser tão solitária até o começo do nono mês, que fosse engordar 30 quilos, que sofreria todas as violências obstétricas possíveis antes e durante o parto.

 Durante o trabalho de parto o médico debruçava sobre minha perna direita para dar o toque e assim poder saber com quanto de dilatação eu estava, mas eles faziam isso a cada 30 minutos e hoje como uma enfermeira obstetra sei que isso não é o correto.

Durante o parto descobriram que ela não nascia, porque estava com a cabeça fora do lugar, aí realizaram a episiotomia que é o corte no períneo, a médica colocou as duas mãos e encaixou a cabeça dela, isso seguido da manobra de kristeller que é quando apoiam o ante braço em cima da barriga e colocam o peso do corpo empurrando o bebê para baixo e neste momento vi passando um objeto prateado que parecia uma concha e nada mais era que o ferro que puxaria meu bebê então se fez um parto fórceps.

Na hora do nascimento minha filha esbarrou o queixinho no bisturi e logo correram com ela enquanto eu levava os 11 pontos e ficava no corredor com gelo o porquê o parto tinha sido muito forçado, só consegui ver minha menina 3 longos dias após o parto o porquê eu tinha perdido muito sangue e não conseguia sair do leito, ela precisou ficar na incubadora por 11 dias, pois era um bebê pós-termo aquele que nasce depois do tempo apropriado.

Ela nasceu com 42 semanas no extremo do extremo com infecção, icterícia quando o bebê nasce com a pele amarelada e com taquipneia que é quando a respiração é acelerada demais e teve que aprender a respirar.

Enfim o grande dia chegou o dia de irmos para casa e eu achando que já saberia enfrentar tudo e me enganei, para começar eu não conseguia ter firmeza na perna direita a tal perna que o médico ficou debruçado e meus seios empedraram, tive febres de 41 graus e o pior era na hora de amamentar com os bicos dos seios rachados o momento era sofrido e, ao mesmo tempo, de muita felicidade afinal eu estava com ela nos braços e enquanto o bebê tão desejado sugava meu seio o meu sangue escorria pelo cantinho da boquinha dela eu chorava, sim, 

Mas quando olhar dela encontrava o meu e mesmo com lagrimas nos olhos eu sorria para ela e dizia: obrigada por me mostrar o amor incondicional, você foi o melhor presente que Deus me deu.

Hoje esse bebê além de minha filha se tornou minha amiga, está com 26 anos, é uma mulher linda, graduada em nutrição, pós-graduada em saúde pública e essa mãe aqui continua literalmente padecendo no paraíso com todo o amor que uma mãe pode ter pelos seus filhos e grata a Deus pelo presente lindo que ele me deu.

Término essa carta com carinho e com o coração cheio de gratidão.

Mãe com 51 anos, de duas filhas com 26 e 23 anos. 


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