Ser pai

Ouro Preto, agosto de 2022

Prezados pais, tentarei colocar nessa carta o que penso a respeito de ser pai, já que sou a mais ou menos 48 anos.

Muitos foram os desafios e ainda são os que surgiram desde então. Minha primeira preocupação foi transmitir aos filhos os meus valores herdados de onde viemos, valores estes de honestidade, responsabilidade, transparência, comprometimento com aquilo que acreditamos, fé e principalmente tentar vivenciar isso tudo no dia a dia, por exemplo. Não foi fácil!

Uma das atitudes que acredito ser importante na nossa responsabilidade como pai, é ter orgulho de nossas origens, e eu, modéstia a parte, a tenho. Se consegui transmiti-la só o tempo dirá. Conhece aquela música “Além do Espelho”? Tem uma frase que diz o seguinte: “Se o meu pai foi espelho em minha vida, quero ser para os meus filhos um espelho seu.

Mas, ser pai também é realizar-se com o sucesso dos filhos e decepcionar-se quando esses filhos fazem escolhas erradas, na ótica desse pai e na contra mão dos valores acima citados. Mas ainda assim, não deixar os filhos a mercê da própria sorte, pois sabe, em seu íntimo, que talvez não tenha conseguido transmitir a eles o que precisava e sofre com sua incompetência.

Ser pai é mostrar limites para os filhos desde cedo, hoje tudo é possível, tudo é fácil. Mostrar para os filhos que a liberdade deles termina quando começa a do outro.

Não existe sofrimento maior para um pai do que quando um filho adoece, não importa a idade. Senti profundamente essa dor quando Deus levou nosso primeiro anjinho. O pai precisa manter-se firme, sofrendo sozinho no seu silêncio, pois sabe em seu coração que o filho conta com ele.

Ser pai é ser sempre o porto seguro para os filhos, como já citei anteriormente, não importa a idade.

Todo pai se sente feliz quando os filhos têm prazer com a sua presença, não os ignora mesmo na roda de amigos e a recíproca também é verdadeira, quando o pai tem orgulho de apresentar seus filhos aos amigos.

O exemplo de um pai abre mas também costuma fechar as portas para os filhos. Quem nunca ouviu essa citação: Não o conheço, não a conheço, mas conheço seu pai. Seja bem-vindo! Seja bem-vinda! Ou então, quem é o pai dessa pessoa? É fulano de tal? Olho nele. Infelizmente o filho, as vezes, paga pelo erro do pai.

O sonho de todos os pais, é dar o melhor para os seus filhos, e o meu, não foi diferente. Quando me casei meu sonho foi, se Deus me desse a graça de ser pai, faria todo o possível para proporcionar aos filhos a oportunidade de cursarem a universidade para que pudessem, em igualdade de condições, concorrer e competir com as exigências e concorrências do mercado. E Deus ouviu as nossas preces.

Hoje, as situações mudaram muto, no meu tempo o pai era sustentáculo financeiro da família. Essa responsabilidade continua, mas em muitos casos ela é dividida e até assumida pela mãe, tal é a concorrência e competitividade atual.

Enfim, no descrito acima, repito, tentei retratar o que penso, sinto e ajo até hoje e talvez a maioria dos pais. Hoje como pai e avô, sei que em muitas situações errei e ainda erro, como disse o meu filho caçula ainda criança: “O senhor não é dono da verdade”. Eu não sou e nem tenho a pretensão de ser, mas o objetivo foi e será sempre, acertar pelo bem de todos os filhos.

Abraços!

João Evangelista, 78 anos, pai de Nívea, 45; Vinícius, 42 e João Lucas 39 anos, avô de 6 netinhos com idade entre 14 e 3 anos.


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