Os desafios da amamentação

Sinop (Mato Grosso), Janeiro de 2022.

Vamos para 9 meses assim…

Na minha história de duas mamoplastias de redução, silicone e sem colostro, era sempre uma incógnita se eu iria amamentar.

Com Yuri eu fiz translactação, que é um método onde um recipiente contendo leite materno ou fórmula é conectado a uma sonda, que tem sua extremidade posicionada no mamilo, visando estimular a mama. Complementei pela sondinha até 6 meses. Cansativo, ele se irritou e deu o grito de liberdade! Dei então a mamadeira e ele nunca mais pegou o peito.

Kael, mamou exclusivo até 20 dias e, diferente do Yuri que perdeu peso, ganhou pouco. Pra mim era vitorioso demais, mas obviamente fui reprovada pelo “sistema”.

Começamos com a colher dosadora, 30 dias depois ele teve uma crise de dor, não sugava o peito e colocar aquele leite na boquinha dele era que nem colocar soda cáustica… 3 dias e 2 noites inteiras de choro.

O médico me disse que eu estava matando meu filho de fome. Cheguei em casa e tirei uma mamadeira de 120ml do meu peito e, mesmo assim, ele chorava e não sugava o bico da mamadeira. Ódio do médico, mas pior era o meu desespero de vê-lo com dor.

Outra médica, acolhimento e suspeita de APLV (Alergia à Proteína do Leite de Vaca).

Achei que seria tão fácil! Já não tomava leite há anos, o desafio seria só o queijo. Quanta “ingenuidade”, para não dizer outra coisa… Sete meses e estamos aqui sem um queijinho de tira gosto, sem uma pizza de vez em quando, sem o japa que vai cream cheese, sem pratos com creme de leite, sem docinhos, bolos ou quitandas que vão leite condensado, leite ou manteiga. De vez em quando eu comia e não imaginava que esse “de vez em quando” faria diferença.

Me perguntam todos os dias: “MAS SAI LEITE AINDA?”, porque nunca tive fluxo grande. Bom, sei que não consigo mais tirar e nem tentarei, sai gotinhas, às vezes um jatinho, as vezes nadinha… E ele segue aqui!

Ele não mama 24 horas em mim, às vezes só a noite, e mesmo assim me cansa. É mais vezes quando eu não tenho outras coisas para fazer. Ele fica ótimo. Mas se tem mãe à vista, tem cheiro!

Várias vezes eu me pego querendo que o Kael me esquecesse só por uns minutinhos, afinal a vida tem tantas outras demandas. Tentei dar chupeta milhões de vezes e ele simplesmente não pega.

E aí é que está… Peito é mais que “encher barriguinha”, peito é mais que nutrir de calorias, proteínas e gorduras, peito nutri AMOR, nutri vínculo, nutri conexão e sim, isso precisa ser alimentado, não só neles, mas em nós! Dá de mamá é aconchego, é carinho … e cansaço! Ahh, muitas vezes eu me sinto de SACO CHEIO e aí eu lembro de quando rezei por isso. Deus não falha!

Kamylla Bittencourt, mãe do Yuri (03 anos) e do Kael (Quase 01 aninho)


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