Início da década de 70. Ano Novo. Vida Nova!

Poços de Caldas, Fevereiro de 2022.

Saindo de Ouro Preto, para residir em Poços de Caldas. Uma mudança radical, mas consciente. Morar em companhia do marido, uma cunhada e um cunhado. Recepção acolhedora. Recordar o viver à espera dos três filhos que Deus me deu, motivo de muita alegria, mas muitos desafios. Porém não desaminava e o que eu mais queria fazer: cuidar deles, amamentá-los e vê-los sempre sorrindo. Gozava de muita tranquilidade, porque, quando João Augusto e Guiomarzinha nasceram, contei também com a ajuda de Mãe durante o resguardo inteiro. Alguns dias após a chegada de João Augusto tinha também Rosa, porque foi ela quem trouxe Mãe para cá.

Era mesmo só alegria em volta dos Pequetitos. Pelo fato de eu trabalhar fora lecionando no Grupo Escolar “Francisco Escobar”, no período da tarde, tinha que pular miudinho, mas com a ajuda de Deus e de todos, não desanimava e dava conta das atividades fora e dentro de casa. Vários anos depois chegou Heloísa, mas os dois já estavam na escola e iam comigo e a vida ia se ajeitando. Como se não bastasse, com o apoio de todos de casa, resolvi ingressar no Curso de Pedagogia e posteriormente pós-graduação em Supervisão Pedagógica e Orientação Educacional. Os desafios, as dificuldades iam aparecendo e nós íamos enfrentando com coragem, paciência e fé. Nessa época contava em casa com mais uma cunhada e o filho dela, com um ano de idade. O tempo passava, eles cresciam e eu preocupada com a Educação Integral de todos eles, principalmente a Educação Familiar e Religiosa. Contudo arrumava um tempinho para fazer papagaios e soltar com eles, jogar bola, queimada e brincar. De vez em quando levava-os ao parquinho na cidade, passear no jardim e aos domingos não faltávamos a Missa na Matriz de Nossa Senhora da Saúde, no centro da cidade.

Atingindo a idade certa para a 1ª Comunhão, todo sábado João os levava para o catecismo. De vez em quando me surpreendo com o pensamento: Meu Deus, como conseguimos? Em casa por muito tempo a luz era vela e lamparina, depois surgiu o lampião a gás. A água não era encanada, a princípio era cisterna. Com a escassez da água a cisterna secou. Passamos a pegar água na mina, mais tarde surgiu a bomba carneiro manual. Com a chegada da energia elétrica, surgiu a bomba hidráulica que nos abastece até hoje. De casa à escola, 04 km, íamos de ônibus ou as vezes de carona. Na época da faculdade, graças a Deus já tínhamos carro, distância 24km. Não foi nada fácil. Atribuo tudo que vivi, sem nenhuma dúvida, à ajuda constante de Deus, Nossa Senhora, Divino Espírito Santo e dos familiares.

O tempo passou, as crianças cresceram, estudaram, casaram e nos deram quatro netos e uma bisneta (até agora).

Meu Deus! Aí foi que o amor e a alegria cresceram de forma indescritível. Ser avó e avô é a sensação mais feliz de ser vivida. Ser mãe é muito bom, mas ser avó nem se fale. Os três primeiros não tive a oportunidade de viver intensamente a experiência. O primeiro Paulo Roberto morava no Rio de Janeiro, encontrávamos só nas férias e por poucos dias, porque dividia os dias de férias entre Rio de Janeiro e Ouro Preto. Casa dos meus pais e encontro com os familiares. Aliás, feriados prolongados, carnaval e semana santa, o destino era a terra natal.

O segundo, Frederico, embora morando em Poços de Caldas, só podia estar com ele mais tempo nos finais de semana por causa do meu trabalho. Nessa época eu trabalhada 8 horas por dia. O terceiro, Heitor, eu já estava aposentada, mas dividia o tempo em Poços de Caldas e Ouro Preto, porque com a aquiescência do esposo, ficava em Ouro Preto 15 dias ajudando os irmãos a cuidar de Mãe, que embora saudável, pela idade precisava de mais atenção, companhia e cautela. Mesmo assim nessa época ao invés de 15 dias, permaneci aqui durante um mês. Aí pude curtir o bebê mais um pouco.

Quando chegou o quarto neto, Gabriel, mãe já estava morando no céu. Com o apoio do marido, mudei para a casa dele e lá permaneci por três meses. Aí sim, pude aproveitar ao máximo todos os momentos, mesmo após os três meses ele estava sempre aqui em casa. Pude acompanhar bem de perto o desenvolvimento dele. Que prazer! Que Alegria! Pena que tudo passa. Agora a escola o tomou de nós, durante a semana, mas nos finais de semana, matamos a saudade. Para mim conviver com os netos é a melhor coisa do mundo, porque energiza, rejuvenesce, revigora e dá outro sentido à vida. A bisneta Giovana chegou alguns meses antes do Gabriel, mas como ela mora no Rio de Janeiro as oportunidades de encontro são muito raras, mas nos contentamos com notícias e fatos.

Agradeço a Deus, a Nossa Senhora, aos Anjos, Santos e Santas do céu por tudo que vivi: os desafios e dificuldades que não foram poucos e nem poucas mas que foram enfrentadas e às vezes até esquecidos e esquecidas com as alegrias e os momentos felizes que invadiam nossos corações. Agradeço também todos que colaboraram comigo: os que estavam próximos e os que estavam distantes, bem como os que já nos deixaram.

Obrigada Senhor! Obrigada Colaboradores!

Abraços Fraternos.

Tia Dica, mãe de três filhos, um de 51 anos, uma de 50 e uma de 44. 


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